segunda-feira, 18 de abril de 2011

Lições de vida que o ipê nos dá





O ipê é uma árvore nativa considerada como símbolo do Brasil. Pode ser achado em todo nosso território. Sua madeira, em algumas espécies, é acinzentada, clara, dura e muito resistente, que suporta bem a umidade; flexível e difícil de serrar. É usada na construção civil como vigas, ripas e assoalhos; na construção naval e em obras externas como postes, cercas e dormentes; na medicina, o seu uso é um o mais diverso. Ela explode em flores entre junho a setembro, tornando-se, irresistivelmente, encantadora aos olhos.


Sempre acho que a natureza é um grande mestre silencioso. Ela não grita, não se move, não é condecorada nem remunerada; mas é capaz de transmitir-nos lições maravilhosas. A primeira lição que aprendo foi que o ipê não se preocupa em estar sem flores e folhas na primavera. Há pessoas que interpretam a vida de uma forma extremamente equivocada. Pensam que a vida é uma festa eterna, que tudo é uma grande brincadeira, que podem conduzir-se de qualquer maneira e, no final, tudo acabará bem. Sempre querem produzir flores e folhas, não respeitando as estações da vida.


A segunda coisa que aprendo com o ipê é que ele sabe que deve reservar energias para florir no inverno. Há um tempo de maior produção. Maior efetividade, de se aplicar mais, de investir mais em coisas e pessoas. O ipê sabe que durante o verão e primavera precisará guardar suas forças, sais, água e energias para sua hora. Ele reserva tudo para o momento certo.

Vejo pessoas pelas ruas se matando e jogando suas energias futilmente, desnecessariamente. Não sabem esperar mais um pouco, não sabem se guardar para o dia certo.




A terceira lição é que ele não aparece quando todas flores aparecem, sabe estar só.







Se você olhar para ele na primavera será levado a ter dó. Seco, áspero, desprovido de tudo que é belo e atraente, solitário. Uma simples margaridinha jogada ao chão atrai mais os olhares do que seus quase dez metros de altura. Ele fica lá. Seco, firme, sem ciúmes nem inveja das plantas que brotam e são admiradas na primavera. Ele sabe estar só, esperando sua oportunidade de brilhar no cenário da vida.


A quarta lição é a que ele nasce enquanto todos morrem. De repente, a primavera parte para longe. As facilidades desaparecem, as chuvas somem, o solo fica seco e duro. O inverno chega com uma força destrutiva e leva tudo o que é verde; tudo que floresceu na facilidade da primavera. Olhamos para onde havia vida abundante e somos levados por um desgosto inevitável. Murcho, morto, triste, vazio. Mas, na magia daquele que soube esperar a hora de brilhar, de aparecer, de nascer, de explodir em vida, aparecem as flores do ipê: rosas, roxas, amarelas, brancas. No meio do inverno duro da vida, de tanto caos, perdas e decepções, creio que flores podem nascer. Há vida no inverno. Olhe para os ipês!
Por Dio Rocha

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