quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ana Jácomo


Um dia desses, papo descontraído, uma colega de trabalho contou uma história que eu achei bem bonita, meu coração garimpeiro atento para descobrir preciosidades entre as outras coisas recolhidas na mina de cada instante.

Estava na casa do irmão, quando a sobrinha, criança na época, demonstrou tristeza no momento em que a tia comentou que havia chegado a hora de ir embora.

“Você vai me deixar sozinha?”

“Não, querida, você não vai ficar sozinha, vai ficar com a sua mãe e com o seu pai...”

A menina, numa dessas sábias tiradas amorosas que criança diz sem cerimônia, e adulto, por mais que sinta tão sinceramente, tantas vezes fica encabulado pra dizer, mandou esta:

“Eu sei, mas eu vou ficar sozinha de você!”

Este é um dos poemas mais lindos, eloquentes, instantâneos, que já li sobre a natureza da saudade. Inclusive, de nós mesmos.

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